sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Reuniões do Fórum

A segunda reunião do Fórum Mineiro de Residência Multiprofissional acontecerá no dia 26 de novembro, às 19h, na Sede do CRESS-MG, em BH. O endereço é Rua dos Tupis, 485 - Centro.

Na ocasião, será abordado o retorno do Colóquio de Residências em Saúde que se formou durante o 13º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social (no ENPESS), realizado de 5 a 9 de novembro deste ano, em Juiz de Fora (MG).

Abaixo, um registro fotográfico do nosso primeiro encontro, promovido no dia 29 de outubro, em BH.



quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Memória do 1º Encontro Estadual de Residência Multiprofissional com Inserção do Serviço Social




No dia 25 de outubro, aconteceu no Centro Universitário UNA, em BH, por meio da Comissão de Saúde do CRESS-MG, o 1º Encontro Estadual de Residência Multiprofissional com Inserção do Serviço Social. O evento teve como objetivo fomentar a discussão sobre a realidade da residência multiprofissional e refletir sobre seus desafios na atualidade.

Após a mesa de abertura, houve a mesa sobre “Política de Saúde na atualidade e a estratégia de formação do assistente social na modalidade de residência multiprofissional”, com a explanação de Ruth Ribeiro Bitencourt, professora do Curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e representante do CFESS no Conselho Nacional de Saúde (CNS), e de Thaísa Closs, assistente social com Residência Integrada em Saúde, Atenção Básica pela Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (2006/2008), professora do Curso de Serviço Social da PUCRS e doutoranda em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Ruth contextualizou a política de Saúde com base na CF/88, dando ênfase à precarização das relações de trabalho, assim como uma crítica à privatização do SUS através da financeirização da Saúde, por meio da proposta da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e de tantas outras Parcerias Público-privadas (PPPs). “Tanto a Constituição Federal como a Lei Orgânica da Saúde trazem que é vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à Saúde, no Brasil. Mas não é isso que estamos vivenciando. A EBSERH, por exemplo, acaba com o sistema federativo brasileiro!” 

A conselheira criticou, ainda, o fato de o Brasil enquanto país com grande crescimento econômico, destinar apenas 8,6% de sua arrecadação à política pública de Saúde. Ruth aponta como um grande desafio, a precarização das políticas de Seguridade Social, como por exemplo, 60% dos recursos destinados à Saúde são para a parceria público-privada e não há a priorização de equipamentos estatais. Fora isto, ocorre o desmonte dos espaços de Controle Social.  A professora ressalta, ainda, que a população precisa ser mais estimulada a intervir nos espaços de participação social em defesa do SUS, por isso a necessidade de vivências em espaços de controle social, espaços para além dos Conselhos de Saúde, espaços de gestão e de planejamento.

Residência Multiprofissional propriamente dita

Já Thaísa Closs, falou sobre a modalidade de Residência Multiprofissional e fez um contraponto entre formação em serviço e treinamento em serviço: “Treinam-se técnicos, mas não se formam profissionais”. Para ela, treinamento é caracterizado por um trabalho de carga horária excessiva, sem reflexão, no qual o residente aprende por repetição. Essa é uma perspectiva que contradiz o modelo alinhado à reforma sanitária, assim como a abertura de Residências sem planejamento e num contexto de falta de concursos públicos. Sendo assim, é necessário que a educação tenha como centro as necessidades que emergem do serviço, os desafios que a prática nos coloca, mas isso não quer dizer que não há necessidade de teoria, apenas que a teoria subsidie a prática e seja uma demanda deste fazer profissional.

A Residência Multiprofissional se caracteriza como uma das modalidades de educação permanente, porém não é a única estratégia de formação para trabalhadores na Saúde. Essa modalidade perpassa por três eixos, o prático, o teórico e o de pesquisa. Segundo a doutoranda, um dos desafios enfrentados nessa prática é a materialização das competências profissionais articuladas à reforma sanitária, por isto, é extremamente importante a manutenção de uma lógica pública na formação de recursos humanos para o SUS e de profissionais e práticas que estejam atrelados à reforma sanitária e que atendam às necessidades de saúde da população. 

Aliado a isso, a Residência Multiprofissional deve surgir a partir da demanda dos serviços e necessidade dos usuários, por este motivo é necessário a construção de linhas de cuidados que sejam articuladas com as demandas do nosso sistema. Portanto, o objetivo da residência não é suprir a falta de profissionais na rede e não deve ser construída verticalmente, mas é necessário ouvir as necessidades do serviço. Ainda sobre linha de cuidados, os programas devem ser articulados dessa forma, porém é necessário que essas linhas de cuidado se articulem, por exemplo: a Atenção Básica tenha como cenário de prática a Saúde Mental. 

Estratégias de formação



Outra questão levantada foi sobre quais seriam as áreas estratégias de formação. Thaíssa entende que o assistente social deverá se inserir principalmente na Atenção Básica e que esta deve articular com outros setores, com outras vivências, como os modelos substitutos da Saúde Mental. Mas o que ocorre, na maioria das vezes, é a lógica hospitalar e a formação de profissionais nesses espaços.

No contexto de qualquer trabalho multiprofissional entra a discussão de núcleo e campo. O núcleo é entendido como o campo de nossas atribuições privativas e o campo, as competências que podem ser compartilhadas. Exemplificando: qualquer profissional pode orientar sobre direitos sociais, e é fundamental que todos entendam a importância da questão social no processo de adoecimento, porém, um estudo social é atribuição privativa do assistente social. É, portanto, necessário uma formação que seja integrada, que não seja fragmentada, que as competências possam ser compartilhadas, mas também é necessária a contemplação daquilo que é especifico de cada categoria, sendo assim, é necessário haver módulos específicos por categorias.

O equilíbrio entre prática e teoria, na Residência, também é defendido pela professora. Para ela, os Programas devem criar mais espaços de discussão teórica focados no Serviço Social. “O campo da pesquisa, muitas vezes, vem sendo relegado e isso deve ser revertido, pois são esses estudos que garantem a dimensão reflexiva e crítica do processo de formação”, afirma Thaísa. A palestrante coloca, ainda, outro limite à pouca produção teórica sobre residência. Para ela, os envolvidos nesse processo não escrevem sobre suas experiências e, portanto, há um desconhecimento das potencialidades e limites dessa prática. 

O debate sobre a carga horária também foi levantado. O posicionamento da pesquisadora é contra as atuais 60 horas exigidas, questionando se esse trabalho permite uma formação reflexiva e se o residente tem condição de após uma plantão de 12 horas produzir textos, artigos, pesquisas. O que se vê em muitos programas é a predominância de atividades assistenciais e poucos espaços para planejamento de atividades. 

Outros desafios colocados são referentes ao preceptor. Em muitas residências, o preceptor não recebe quaisquer incentivos e estão realizando o papel do tutor, o preceptor é aquele que irá ensinar a prática, mas não é o único agente na formação do residente, portanto, orientar pesquisa não é papel do preceptor, mas sim do tutor. Por isso, o debate de liberação de carga horária, de plano de carreira e incentivo a estes profissionais, é tão necessário.

Como questionamentos e limites, Thaíssa aponta que é necessário a realização de mapeamento nacional das residências, criação de grupos de discussão e articulação com o Fórum de Residentes, com as Câmeras Técnicas e fortalecimento desses espaços. Ressalta ainda, a necessidade de integração de residência com graduação, que os cenários de formação sejam os mesmos, um equipamento que forneça à residência também se ofereça campo de estágio, mas que o residente não assuma o papel de supervisor deste estagiário, pois, entende-se que este está também em processo de formação.

A Residência em Minas Gerais


O segundo momento do evento foi reservado para a oficina “A formação dos diversos sujeitos envolvidos na Residência Multiprofissional: a contextualização da Residência em Minas Gerais”, que propôs uma discussão entre residentes multiprofissionais, preceptores e coordenadores sobre questões práticas e teóricas da funcionalidade das residências multiprofissionais presentes no encontro. Quem coordenou a atividade foi Marina Monteiro de Castro e Castro, doutoranda em Serviço Social pela Universidade Federal (UFRJ), professora do Curso de Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e coordenadora regional de graduação da ABEPSS Leste. 

Iniciou-se uma roda de conversa sobre os desafios enfrentados na prática, como a falta de estrutura e planejamento pedagógico, aulas ministradas em formas de palestras, falta de módulos específicos por categoria etc. Além do questionamento da formação ser voltada para o SUS, mas não ter nada que garanta que estes profissionais irão se inserir neste Sistema.

O Encontro foi encerrado com o Lançamento do Fórum dos Residentes, no qual este blog faz parte. Enfim, pudemos ver que, quando saímos da zona de lamentações e buscamos conjuntamente refletir e construir caminhos resolutivos, começa a se materializar um projeto de qualidade, o qual respeita os direitos e faz cumprir os deveres dos residentes, preceptores, tutores, coordenadores e demais envolvidos. 

Reconhecemos que nossas dificuldades e limitações estruturais são inerentes à construção de um novo espaço, por isso foi riquíssima a troca de experiências entre as diversas instituições formadoras, em diferentes momentos de construção. Esperamos ampliar esse debate, sensibilizando e disseminando a proposta, que, ao final, se resume em Residências Multiprofissionais alinhadas e capacitadas em suprir a demanda que lhes é imposta: formação com qualidade.
Amélia Andrade do Nascimento- Assistente Social Residente
Maria Goreti Nascimento Marques- Assistente Social e preceptora  
Olga Inah-Inare Aquino Ribeiro - Assistente Social Residente
Pollyana Oliveira Santos – Fisioterapeuta residente

Conselho Regional de Serviço Social de Minas Gerais (CRESS-MG)
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